12, setembro, 2022 # 12 – Uma pegadeira de palavras
No dia 11 de março de 2021, o desastre nuclear na cidade de Fukushima/Japão completa uma década. Naquele ano de 2011, Suzane Alencar Vieira estava começando a pensar sobre sua pesquisa de campo do doutorado em Antropologia e foi mobilizada pelo que aconteceu em terras japonesas. Encontrou também no Brasil, controvérsias envolvendo a energia nuclear; encontrou no estado da Bahia uma empresa querendo explorar o urânio; encontrou na Malhada, uma comunidade remanescente de quilombola resistindo pelo uso de suas terras e subsolos.
E encontrou Dona Teresa Joana da Silva, uma das lideranças locais importantes. Juntas navegaram entre físicos, cientistas, advogados, prefeitos, cartorários, jornalistas, padres, movimentos sociais, cineastas, comunidades vizinhas. Juntas encontraram um lugar para a antropóloga ser compreendida e ajudar a adensar ainda mais esse debate na região. E Teresa reforça, sobre as consequências da mineração por ali, “Porque hoje, quando chega uma verdura, o povo ainda procura saber: ‘Dondé?’, ‘É de tal canto?’. Porque se for de lá, ninguém quer. O povo perdeu muita muita coisa, viu? Ói, então, o povo virou o povo cismado dos outros. Trouxe muita tristeza”.