19, novembro, 2025

“A ditadura se retirou a contragosto, se autoanistiou”, afirma professor torturado pelo regime militar

Na madrugada de 23 de outubro de 1969, o então estudante Carlos Lobão foi levado por militares à sede da chamada Operação Bandeirantes (Oban), na Zona Sul da cidade de São Paulo. Acordou com uma arma na cabeça. Era o primeiro ato de truculência que enfrentaria pelos próximos quatros anos de sua vida. Na delegacia, foi espancado e recebeu choques elétricos em diferentes partes do corpo – muitos enquanto estava pendurado em um instrumento de tortura conhecido como “pau de arara”. Anos depois, já formado, o geólogo Lobão foi um dos pioneiros do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp, onde ingressou como aluno de mestrado em 1978. Ele ainda foi o primeiro geólogo do Brasil a se tornar mestre e também doutor em educação. Na academia, dedicou-se a investigar a interface entre ensino e geociências, em uma época na qual não havia pesquisas sobre essa temática na América Latina. Hoje docente aposentado da universidade, Lobão acredita que o espaço de democracia vivido nas últimas décadas no Brasil representa, na verdade, um movimento de recuo dos militares e que a tortura persiste, agora, contra a população marginalizada em geral. Para ele, que sofreu na pele as consequências de um regime repressivo, é preciso o constante fortalecimento das organizações populares para que o passado não retorne. “A elite brasileira é escravocrata desde sempre. A ditadura se retirou a contragosto, se autoanistiou”, diz ele. Carlos Lobão é o convidado desta edição do Um Tema podcast. Ficha técnica Produção e entrevista: Fábio Gallacci Edição de áudio: Bruno Piato e Matheus Mota Técnica: Rafaela Oliveira Coordenação geral: Patrícia Lauretti

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